Acho
que não sou “honesto”, pois não me chocam nem me causam repulsa os filmes em
que criminosos roubam bancos e atrapalham a vida dos ricos opressores
apaixonados por dinheiro.
Acho
que faço minhas escolhas não por leis ou regras sociais que me obrigam, mas as
faço por orgulho e convicção. Convicção de que o dinheiro e a vaidade nunca
vencerão o orgulho do que sou. Orgulho da convicção de que há algo indomável
que me impede - às vezes chego a achar que infelizmente - de me acostumar com
as injustiças.
O
dinheiro não compra tudo e não seduz a todos, ainda que ele seja um agradável
servidor para dias nuviosos. Um instrumento que jamais vai nos subjugar, ditar
nossos valores, nossas convicções, cegar nossos olhos e embaçar nossas mentes.
O dinheiro não compra o prazer do dever cumprido e da injustiça evitada. Não
compra o orgulho de se saber maior do que ele, superior aos seus caprichos.
Não
tem dinheiro ou título honorífico ou acadêmico no mundo que compre a boa
vontade, o respeito a qualquer um que seja colocado diante de nós, o fazer bem
feito apenas porque precisa ou deve ser feito.
Todos
são imperfeitos – e eu como poucos – mas nada justifica a má vontade dirigida e
sistemática nas coisas que precisam ser feitas e que geralmente fazemos. Não há
dinheiro ou salário no mundo que conserte isso em alguém.
Observem
que quanto mais especial uma pessoa se julga no seu trabalho e em seu dia a
dia, mais ela vale “apenas alguns trocados”. Aqueles que mais classificam quais
tarefas são dignas de serem desempenhadas por eles e quais não podem fazer
porque "seria se rebaixar", mais são aqueles que já estão por baixo e que nunca
se levantarão.
É
incrível como aquele que está disposto para qualquer tarefa, para quem tudo é
uma oportunidade, uma experiência, uma chance de conhecer e aprender, sempre
tem mais tempo e menor dificuldade para fazer outro serviço que surge. Já
aqueles que são muito treinados, muito especializados e que “não se sujeitam” a
fazer as tarefas mais simples, continuam sempre esperando e se escondendo do
mundo como covardes que são. Contudo, isso é compreensível, matemático: se uma
pessoa já faz 10 coisas diferentes, quando você pedir para ela fazer mais uma
coisa, isso representará apenas 10% de suas forças. Já para aquele incompetente
que não faz nada porque tudo não está à sua altura, uma pequena coisa
representará 100% de seus esforços. E assim o mundo segue, com alguns
trabalhando e outros achando que são especiais. O dinheiro nunca comprará a boa
vontade e a dignidade de sempre estar pronto.
Mais uma reflexão pertinente e valorosa Dr. Rafael!
ResponderExcluirDinheiro não seduz a todos! São textos como esse que me fazem seguir em frente na caminhada dos estudos para cargos na segurança pública. Apesar de muito ouvir, de pessoas me dizendo que não vale a pena, dizendo que está tudo perdido, é nessas horas, vendo que existem pessoas que possuem tais pensamentos - adequados aos meus - que dá mais força de seguir!
Obrigado e parabéns!
Tiago Ferreira.