quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O QUE O DINHEIRO NÃO COMPRA


Acho que não sou “honesto”, pois não me chocam nem me causam repulsa os filmes em que criminosos roubam bancos e atrapalham a vida dos ricos opressores apaixonados por dinheiro.

Acho que faço minhas escolhas não por leis ou regras sociais que me obrigam, mas as faço por orgulho e convicção. Convicção de que o dinheiro e a vaidade nunca vencerão o orgulho do que sou. Orgulho da convicção de que há algo indomável que me impede - às vezes chego a achar que infelizmente - de me acostumar com as injustiças.

O dinheiro não compra tudo e não seduz a todos, ainda que ele seja um agradável servidor para dias nuviosos. Um instrumento que jamais vai nos subjugar, ditar nossos valores, nossas convicções, cegar nossos olhos e embaçar nossas mentes. O dinheiro não compra o prazer do dever cumprido e da injustiça evitada. Não compra o orgulho de se saber maior do que ele, superior aos seus caprichos.

Não tem dinheiro ou título honorífico ou acadêmico no mundo que compre a boa vontade, o respeito a qualquer um que seja colocado diante de nós, o fazer bem feito apenas porque precisa ou deve ser feito.

Todos são imperfeitos – e eu como poucos – mas nada justifica a má vontade dirigida e sistemática nas coisas que precisam ser feitas e que geralmente fazemos. Não há dinheiro ou salário no mundo que conserte isso em alguém.

Observem que quanto mais especial uma pessoa se julga no seu trabalho e em seu dia a dia, mais ela vale “apenas alguns trocados”. Aqueles que mais classificam quais tarefas são dignas de serem desempenhadas por eles e quais não podem fazer porque "seria se rebaixar", mais são aqueles que já estão por baixo e que nunca se levantarão.

É incrível como aquele que está disposto para qualquer tarefa, para quem tudo é uma oportunidade, uma experiência, uma chance de conhecer e aprender, sempre tem mais tempo e menor dificuldade para fazer outro serviço que surge. Já aqueles que são muito treinados, muito especializados e que “não se sujeitam” a fazer as tarefas mais simples, continuam sempre esperando e se escondendo do mundo como covardes que são. Contudo, isso é compreensível, matemático: se uma pessoa já faz 10 coisas diferentes, quando você pedir para ela fazer mais uma coisa, isso representará apenas 10% de suas forças. Já para aquele incompetente que não faz nada porque tudo não está à sua altura, uma pequena coisa representará 100% de seus esforços. E assim o mundo segue, com alguns trabalhando e outros achando que são especiais. O dinheiro nunca comprará a boa vontade e a dignidade de sempre estar pronto.

Um comentário:

  1. Mais uma reflexão pertinente e valorosa Dr. Rafael!
    Dinheiro não seduz a todos! São textos como esse que me fazem seguir em frente na caminhada dos estudos para cargos na segurança pública. Apesar de muito ouvir, de pessoas me dizendo que não vale a pena, dizendo que está tudo perdido, é nessas horas, vendo que existem pessoas que possuem tais pensamentos - adequados aos meus - que dá mais força de seguir!

    Obrigado e parabéns!

    Tiago Ferreira.

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